SALVÉ, NATUREZA
Meu mundo de cristal
Era uma vez...
Uma criancinha!
Era uma vez...
Água, sabão e uma palhinha.
Num passe de mágica
Nasceu, redonda, inocente
(e cheia de lógica),
Empurrada pelo ar lentamente,
Uma bola de sabão,
Uma bola de cristal,
Um planeta oco, vão!
Mas quem lhe deu o sopro vital
Tinha o dom de imaginar
Coisas pequeninas e novas
(como os seus olhos cor do mar).
Em primeiro,
A bolinha era uma estrela,
Intocável, incolor e sem cheiro.
Depois, subiu e era vê-la;
Às voltas, muitas voltas,
Subia e voltava para baixo.
De repente, deixou-se de cambalhotas,
Ficou calma. Cansou-se (acho!)
Num leve movimento,
Sobre si mesma, rodopiava
Mais devagar, muito mais lento,
Rodava em volta da luz que a olhava,
O seu Sol, que era a criança.
Uma cara sorridente,
Toda ela cheia de esperança:
"Criei um mundo! Terá gente?
Gente pequenina e de cristal?
Tão lindo mundo terá alguém?
Um menino como eu não estava mal.
E porque não outros também?
Tão pouco pediu
Que o destino o recompensou.
O que ele viu?
Tudo, tudo o que imaginou:
No cimo do seu mundo sonhado
Viu pessoas fazerem-lhe adeus
E correrem de um para outro lado...
Então, um destacou-se dos seus
E explicou à criança,
Entre coisas que ela não entendia,
Que os acenos eram de esperança
Pois era ajuda que se pedia.
A criança não pode fazer nada,
Viu desfazer-se o seu mundo.
A sua cara alegre ficou desolada
Ao olhar o abismo fundo.
Era apenas uma bola de sabão,
Uma infantil fantasia...
É nisto que vocês pensarão,
Sem imaginar o que a criança sentia
Ao ver destruído um mundo,
Azul como o céu que o envolveu,
Todo feito de amor profundo,
Um planeta bonito, só seu,
Um mundo liso, sem um muro.
Vamos evitar que destruição
Seja também o futuro
Da nossa bola de sabão.
Filomena Iria