As minhas sombras
Apesar da força do sol, o dia tornou-se cinzento
Deixa-me sem forças para o olhar de frente
Choram-me os olhos não sei se do vento
Ou do tempo que me deu este andar lento
Que a breves momentos pensei ser diferente
Abrigo-me em sombras que já não existem
Que a breves momentos pensei ser diferente
Abrigo-me em sombras que já não existem
No céu cinzento da minha vontade
Ténues centelhas que ainda resistem
Como se velhos caminhos de novo se abrissem
Penosos caminhos de realidade
Fico parado e sem rumo certo
Fico parado e sem rumo certo
Virado para o norte do meu sul perdido
Voou contra o vento que me sopra incerto
Já sinto na pele, todos os desertos
De tantos desertos que tenho vivido
Tentar fugir não me serve de nada
Tentar fugir não me serve de nada
Estou preso a ti por este cordão
Andarei para sempre nesta longa estrada
Tu és sombra por mim procurada
O dia cinzento tem toda a razão
Se sol romper as sombras do medo
Se sol romper as sombras do medo
Medo que eu tenho de o perder
Será sempre parte do nosso segredo
Morrerá em mim mais tarde ou mais cedo
Todas as sombras eu hei-de vencer
As sombras na terra parecem arados
As sombras na terra parecem arados
Figuras de outrora onde me revejo
Foices que cortam o pão inventado
Caminhos de terra do chão do passado
Terra escaldante do meu Alentejo.
Jorge Caraça
Jorge Caraça