quinta-feira, 15 de maio de 2014

VIDO ROXO


SALVÉ, NATUREZA



 Foto: © Acácio Costa


Vido roxo 


Na subida íngreme, o nevoeiro era espesso, quase chumbo,
para quem precisava de ver dois metros à sua frente.
De repente, o sol abriu, e, eis-me ali, num paraíso,
como se fosse um qualquer lugar, separado do resto do mundo,
que Deus me quisesse mostrar de novo ,no seu esplendor de beleza.
A montanha, ainda verde, torrada pela geada, estava ali salpicada de urze, carqueja e vido roxo.
Lancei os olhos esbugalhados por toda aquela maravilha,
iluminada por uma réstia de sol, qual candeia de azeite e incenso a alumiar meu caminho.
E, eis senão quando, mais abaixo, me deparei com aquele milagre da natureza, que é a beleza
do Gerês e do Vale do Salas, que, ao longe,
mais parecia um quadro pintado por quem Deus emprestou a mão.
- Parei, vi, cheirei, respirei, senti, corri, amei, vivi de novo e regressei!
Mas, meus olhos ficaram lá. Ainda estão lá, naquele manto de urze e vido roxo,
que me esmaga os sentidos e me aviva a vontade de lá voltar.

© Acácio Costa